domingo, 1 de novembro de 2009

Na sacada sagrada

É saudades, disse o padre
enquanto eu cerrava os punhos
e rangia os dentes
em plena igreja central.

Joguei o livro para cima,
abriu no terceiro salmo ,
novo testamento:
"Eu vou te fazer ficar O.K."
Foi basicamente isto que não li.

Agora na noite escura,
na noite da virada do mês.
Eu estou tatuado
com caras de sofrimento,
blasfêmia humana
e toda eregia vinda do fogo.
Este é o sinal? Sinal por Deus?

São dias e horas
vendo a reconstrução daquele puteiro,
despedaçado como a glória da meditação sexual.
Vejo o homem de rabo de cavalo
tentando garantir que ficará bem.
Seu cigarro queimando e seus olhos escondendo
todo desconforto que causará durante sua vida.
Na minha cadeira sagrada,
com tempo em meu bolso
e o controle do fluxo real
escapando pela última vez das minhas mão.

O homem que caiu
,enquanto tirava o letreiro
(Paraíso; 15R$ hora ; 30R$ noite),
não sei bem se isso aconteceu
ou se foi minha vontade
de inusitar o cotidiano.
Eu resei
e preces surdas foram realizadas.
"O homem caiu, não há nada que você possa fazer."
Ele caiu,
ele escapou mais uma vez de minhas mãos.
Estou centrado no pecado pessoal,
cego? Certo?
Quando chegará.
Levante-se meu amor.
Eu amo-o, talvez por ele criar.
Não diga isso.
Conflitante e errado
é a queda de qualquer Ser sagrado
porém se ilumin'a verada
devo seguir?

As páginas
ousaram reclamar o que era delas por direito,
o direito de serem corretas,
não sabia mais aonde os olhos estavam
e aonde as pernas começavam.
Me lembrava dos tempos perto do Eu,
na cidade da infância
e da perfeita predestinação à beleza.
Junto das coisas que eu poderia fazer,
até talvez sem ver,
das horas corridas
que se voltam na memória
não sabem o que deixam.

Este é o Eu?
O Ser, o infinito e sacralizado?
Me desculpe Guilherme,
acho que nunca te encontrarei.
Você se perdeu abosorto em dúvidas
fiéis.

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