quarta-feira, 26 de dezembro de 2012

Luar de poeira


hoje não poli as estrelas
para que no céu novamente brilhasse
,como em mim apavora,
a turquesa imensidão
do calado pensamento.
deixei aos pombos
toda certeza
que outrora acompanhou
em vasta fúria
o todo,
 pintor do olhar cruzado,
de sem-saberes.
o hoje é azul,
é mestiço e farrapo,
resplandece
as humildes partículas
que sinceramente mancham
a luminosidade do infinito
em que me vou.
não digo Adeus ao mundo,
que me troca em desvios,
pois em rodopio
pia a gralha
enraizando a matéria em mim.

voa pesada,
insiste em resgatar
o acontece
enquanto sopra,
sopra cansado,
o vento bardo
em oposição.
novamente
sonho com o céu,
um olhar de areia,
buscando achar
minha distância

em mim,
de mim.

segunda-feira, 24 de dezembro de 2012

Arrepio desta terra em transição

Não pude
ver o céu,
ofuscado
por fumaça,
rementido
dentre negros
olhos santos
da memória
do cogito
e a sequência
seguiu solta
, os pulsos,
arborizado
em desapego
, mas com a dúvida
reta e incolor
sem saber
do sabor
do amanhecer
às 07 horas
com aquele cheiro
de que se passa
e não se vai
em saudade,
saudade-só.

domingo, 16 de dezembro de 2012

Apenas pelo olhar castanho

por reparar em tantas flores
floresci em envelhecimento
enquanto minhas pardas penas
despencavam no outono.

espelho meu,
disse "futuro e trégua",
mas abafo lento
o descolor deste suspiro

desminto a despedida
desta minha luz companheira,
pois chegando a escuridão
cinzas se espalham em mim

apagado pelo cigarro,
livro inacabado,
óculos recostados,
meu olhar cerrou.

das mil palavras que falei
apenas a sua
calou a solidão
deveria ser mudo
esse contínuo despertar
no dia anterior

segunda-feira, 10 de dezembro de 2012

eternotrêmulo

forte laço da memória
em reparar na minúcia do silêncio,
pasmou o seu pensar
porentre a cessão do suspiro quente
naquele pescoço vago.
de sorriso ao relaxo
da entrega em destermínio
quando a terceira pessoa unissomou
ao relapso da entrega a moradia de universo.
seja forte ao relento,
à entrega do desfuturo
fruto róseo e encharcado
entre um muro mudo e desmudo.
sofre-lado e equipara
o cetro forte de um já foi
no perímetro da válvula óssea
que bombeou todo cogito
e se foi.

leve leve
lado seco
volta ao imenso proceder
leve seco
lado leve
imenso volta ao proceder

cães murmurantes entre gatos ideológicos
em seus sofás respigando seus cigarros clorofórmicos
por debaixo da escada em um folclore apaziguado
reparou na noite adentro no tempo desaguado

apazhá de um dia nada ser
quanto tudo retocar o sim do todo
pelo não regurgitado do meio nada
entre um torto respirar de um velho morto

segue sobe subi foi
corre dentro saia cima
desce baixo
nada retrocede a existência
de precedência do voluntário
à essência.

quinta-feira, 22 de novembro de 2012

leves novelos
memória basta
do calor diavó


quarta-feira, 21 de novembro de 2012

destas emoções que criei por meu quarto,
cabisbaixo em tantos cantos recaídos,
em cores e pétalas retráteis,
por certo de baixo de panos destemidos
dentre a anorexia das emoções deste silêncio,
retratei o impressionismo do destino.

que entrave por clavículas desfieis,
todos os dedos nossos destemidos
perde-se a recordação do tempo
e o ritmo circunspeto desafia.

fui eu em tantos eus quanto contava
durante tempo
tanto quão cansado
estava
ser jamais sempre pesou
em mais um canto
do resto
nada ficou.

mais ainda amanhece em ousadia
o furor próprio do dever-ser
enquanto lá Deus enfurecido caminha,
pelo menos em meu quarto
embriago
não há de amanhecer.

sábado, 17 de novembro de 2012

cálice   negro
ponto    cego
a noite  pariu

terça-feira, 23 de outubro de 2012

        traço certo
branco luar
 circunda a folha
 

quinta-feira, 4 de outubro de 2012

desejo meu
 o nada seu
para salvar

segunda-feira, 1 de outubro de 2012

noite de outono
  mastiga impassiva
      a lua crescente

sexta-feira, 28 de setembro de 2012

se
   sê
       é

sexta-feira, 21 de setembro de 2012

Haikai #3

esperança a terra
  o que passou de mim
na aurora de setembro

sábado, 18 de agosto de 2012

#Consciência#breu#prostituição


Sim-vida, não-vida, haja-vida -
Vibre vermelho marcado,
Contraste amarelo, espumem,
onde todos cotovelos,
gigantes de ouro,
ecoam com seus calos duradouros
do eterno cansaço da busca pela permanência
em muquifos, bordellos, arantes e aviários

estruturais gospels às banquetas desenfreadas
atingindo todos os joelhos cansados de simbolismo
querem sim, sim, siiiiiiim, S-I-M
nunca mais que dúvida quis
de hiperbólico
bastou sofrer.

ah meus anjos caídos nesta terra úmida,
quem são vocês se não meu próprio reencontro,
que somos nós, não, a égide do caos,
efigênio, eficaz, eferimento, deferimento
do dentro ao caco enquanto Descartes caiu no esquecimento
e eu cantei

oh cantei, sambas, sem Bach
num ritmo em que sonhava sem deitar
em dores e perseguições por arguições de desapontamentos
e eles todos caíam,
caíam,
para sempre, furo do céu, é cu é pó é pênis

é perseguir o universo no verso
de um anverso versátil em pleno silêncio da folha
(branco)
me preenchendo enquanto enche o na da
e todas as máquinas, máquinas do destino seco
pálido, branco, magro, entristecido do passado

sessenta maços de cigarros
fluentes delinquentes na língua dos dê-repentes
perdidos e partidos nos ladrilhos de sucrilhos
e tigres e hipopótamos caindo por borboletas
enquanto os olhos de BUD Ah escorrem
nas vitrines no centro cú ultra real

em dominós os velhos guarda-pós
com suas moedas caridosas na aposta da esperança
e flui, flui, flui para todo sempre enquanto para-flui

tu há de ser sentimento ou lamento
na correnteza dessa certeza
que é de(s)cantar.

quinta-feira, 26 de julho de 2012

#13

Leve sussurro penitente
         conte-me mais
sobre o quê ouvi

as histórias do passado
tão furtivo,
                                     delinquente

mas espere,

não existi

quarta-feira, 25 de julho de 2012

Haiku Amétriku

a natureza segue
 - apenas para
       se despedir.

terça-feira, 17 de julho de 2012

"sem o xororô das lembranças",
disse a sinceridade
umedecendo a transparência
da fronha do passado.
o randevu do meu eu intocável
tem cantarolado exageros
sobre a distância do cotidiano.
tantas faces, almas e espíritos
cambiando minha sensibilidade
enquanto me rendo


segunda-feira, 16 de abril de 2012


às vezes há saudade
e há vontade de escrever,
expressar, compreender

encontro tristeza
e reflito.

vejo, diante da impossibilidade,
o vazio das expressões

me resguardo no silêncio
e repouso


é  o silêncio,
o poema de todas as intenções

terça-feira, 10 de janeiro de 2012

Minha linda Curitiba

é um tremendo poço de fudidos,
o bom e velho lar.
desabrigada pelo sentimento,
minha cidade fantasma
nunca soube
sobre compaixão.

desagarrados vultos sem-teto-sem-tato
em pequenos cômodos mentais,
vão em frente, não olhem para os lados.

vocês e suas sombras,
eu
nada.

cabisbaixo
eu dentro de todos vocês
somos migalhas
uns nos bolsos dos outros
procurando o calor de uma mão
que jamais poderemos reconhecer
sob a ausência da luz
que nem em outro continente
podemos conceber

grandes conterrâneos,
eu e você,
suturando a oscilação,
não é a temperatura que devasta,
que nos cria.

nós,
refugiemo-nos.
eu em mim mesmo e vice-versa,
pois afinal,
as outras araucárias só nasceram
do reflexo da minha semente

e você
nunca existiu
se não sob meus olhos
à minha existência.

sábado, 7 de janeiro de 2012

Em três dedos

"Não derrube o violão"
foi dito
enlouqueci
sofri
a fumaça chegou a tomar conta
do salão
os mesmos quatro acordes
e talvez deus ou Deus estivesse ali

transgredi
pensei e chorei
em um instante
senti a dor do mundo
e cansei de ser o mesmo
chorei
mas mantive a máscara,
dormi.

Deixei o toque,
esqueci-me,
procurei por fora
o quê já tinha achado.

Não havia dúvida,
eram dedos,
eram braços,
era o alcance de tudo que procuramos
em anos de vício.

Como fomos chegamos
em acordes bíssônicos
sem divergências,
sem medos de cairmos.

Cansamos de correr,
metalmente e fisicamente
e tudo estava certo.

Ou parecia certo
achávamos que era o certo
ou que era o errado
mas no momento certo
no lugar onde deveriamos estar
e uma certa alegria
acompanhada de agonia
nos acompanhava

Naquele momento certo
com as pessoas certas
os cigarros corretos
e as cervejas perfeitas
geladas como nossos corações
corações solitários unidos
por um ideal
passar sentimentos que precisávamos
e o violão caiu.

O ato de pensar
não repetia,
adormecia
cagava sofrimento nos meus dedos
só podia escrever
não raciocinava
não sabia
que a dor não era minha
era sua,
nossa
o violão nunca caiu
mas e eu?
eu

nunca levantei.

A desistência

Cantam galos,
cantam pasmos,
cantam todos demasiados.

Nada, talvez tudo.
Seja como for,
deluzes ou transparecendo,
seremos deixados
todos para nós mesmos.

Partidos, de olhos fechados
olhando em mim,
em ti.

Olhando.

Era aquela vez
era tua vez
talvez a minha

Era turbulencia
era violencia
maldita,
ilusão
perdida no momento da dor
que senti a sua ilusão

cantam passáros
canta água
não canta a vida.

Lembro de quando
nasci
era ou
você?

Cansados, todos estávamos,
entregues,
ou eu em você.

Tão,
era demais para meu vázio,
transgressionismo,
paisagismo,
palavras

tudo de mais
só para ti.

Pairava,
doía,
dançava véu de calor e frio de uma só pessoa
a fumaça de um ou dois
a dor de três ou mais
cada tempo,
cada espaço
tem seu turno
apenas o cansaço prevalecia
as olheiras amantes dos meu olhos
xingavam hipnósis de lapsos mentais
nasci?
distorci?
creiamos que vivi
sem nada
sem sentir
mas estava lá
pra um ou dois

eu estive lá.
Lá estou,
de lado,
relaxado.

Como sou,
perto de você
nada.

Cantas tão alto,
surda,
dói.

Eu cantarólo,
como sou,
quieto

e nada

perto de você.

sou eu.

quarta-feira, 4 de janeiro de 2012

Pluralismo singular.

Quantos eu's se foram
em tantas frases.

As mentirosas,
as corretas,
as vazias,
as incompletas.

Os pontos,
as reticências,
os desenhos,
o vazio.

Se quem fui soubesse
me diria o quê o fim traria.

Não perdido no pluralismo,
seria todo,
seria Eu.