quinta-feira, 17 de dezembro de 2009

13,50R$

Tenho estado
alto em meus sonhos
sem drogas
antes de dormir.

Mais uma noite
será assombrada
pelos ombros revestidos
de chuva.
As bombas
de afrontação
caem na paisagem
e escondem o rosto
dionisíaco.

O gelo na minha cara
só desincha
o desejo de rezar
para o copo
me trazer mais uma vez
os maus sonhos
e o uísque proteger
o sangue de Romeo
que escorre
por pontos feitos em casa.
Só no inferno
as imagens da terra,
oníricas ou não,
faram sentido
e o passo a passo
será único
e não cansará.

Estabilidade,
paz de espírito
na discórdia;
mentes cabisbaixas
para o real problema
instável como o sopro
até acabar o ar.
Os anjos foram baleados
e isso não é verdade,
pois é etérea a teoria
de substituição espiritual
e tudo mais.

De joelhos para o mundo
com olhos absorvendo
nitrogênio aspirável
e a atenção perfeita
o céu não é começo ou destino,mas,
imagem.

quarta-feira, 16 de dezembro de 2009

Metáfora do amadurecimento, insuficiente.

Paralelos empilhados
formando essa escada
íngreme
que é o crescimento.
Idealizados
as lesões torcidas
e o cansaço
em forma de amadurecimento.
A madeira é a mesma,
corrosões são inevitáveis
e só perceptíveis
sem o tapete/verniz
que encobre nossas feridas
como palavras sobre o papel.
A verdade é ignorante
e só existe
como um passo após
o outro.


Obs:
Metáfora insólita para ceifadores das vanguardas,
o ponto é que a dor não ensina,
pois tudo nascemos sabendo.

domingo, 13 de dezembro de 2009

Acambo o quê começou.

Um dia
minha dor
vai marcar seu dia
e você vai sentir
o tofo que a asca marca.

Enquanto ninguém
gostava
tudo foi
incompreendido.

O mundo lindo
pelos olhos
verdes
e quando acordei
não sabia
que era tudo certo.

Nunca mais
caindo aos pedaços,
antes ou tarde.

A exceção
à regra é
o estrago mais forte
e nunca mais será
até mostrar.

Olhando para cima
vi quanto
conseguia viver o perfeito
em mosaicos lindos
de sonhos certos
e sem distração.

Se um dia
quebrar
saberemos que nunca
será para sempre
como agora,
como quando
prometemos.

Os olhos,
esses sim
serão eternos
sem corações
e páginas pintadas.

quinta-feira, 10 de dezembro de 2009

Sombrio pelo chão
mas quando te levão
não há causa.
Tantos chãos vázios
tantos chãos,
mais um medo de criaturas.

Convencido pelo teu
contrário.
Lágrima só,
lágrima
cheia de sangue
dos punhos mudos.

Meus olhos devagar
no desfile,
tudo que você queria
era o quê empedi.

domingo, 6 de dezembro de 2009

Todo sonho

Eu rezei de joelhos
em cada banco e lugar
das igrejas mais tristes
do novo mundo.
Os corredores sujos
com preces esquecidas
e os olhos
crucificados,
os ouvidos empalados.

Cambaleando,
fiz a trilha de Fátima
e renunciei as 3 verdades
negando Cristo
e açoitando Judas.
Ele havia me deixado
e por 40 anos vaguei
como após o cativeiro da babilônia.

Recitar poesia
para a areia que nunca para
é viver a história
do abandono
em 7 passos
de colapsos nervosos.
Quando os pés queimaram
e as folhas todas brancas
calaram se para sempre
havia chego a hora de cair
no eterno descanso,
a hora de encontrar a fé.

Como o amanhecer na segunda feira no Éden,
me deparei com o cemitério
e seu portão iluminado.
Conforto.
Não havia
mais do que fotos gastas,
mas sentia toda graça
daqueles já haviam pago
pelos pecados.
Perder era encontrar
e calmo adormeci
esperando o infinito.

No infinito
percebi as linhas da discórdia
e em todas haviam anagramas
do meu nome.
Atendimento eterno do eu,
me recompensou
mas a ignorância me chamou
e fui passar a noite
com a mesma.
O sistema solar é circular,
as reencarnações também o são
e o arrependimento
não deixa a forma
por menos.

Mais rápido

No escuro do ponto ônibus
com a sombra daquele homem
e seu casaco
cortando com uma tesoura de jardim
o anel de noivado
e com sangue escorrendo
por seus sapatos
que com todo o peso do corpo
cobram dois salários mínimos
para sustentar a vida passageira
e corredora de esquinas e ladrilhos
por trás de todos os sonhos escondidos
de passados e retrogressões mentais
sem jeito nenhum de perdão ou passagem
já que o juri funciona durante os feriados
e nunca mais o calendário se mexeu
depois do acidente russo
nas ruas de números ímpares
e pesadelos constantes
sobre agulhas e outras coisas
perfurando perpetuamente
a pele de todos que saem
às ruas para estabelecer
outro nome à venda predestinada
enquanto na verdade ninguém
pertence ou chega a pertencer
a não ser os que perdem altos
e tudo que possa ser substancial
e ter qualquer coisa
de posse ou outro verbo intransitivo
já que as coisas que transitam
acabam chegando ao fim
como as coisas que estão paradas
que já conhecem o destino
pelo equilíbrio que nunca passará
nem se acabarem chocadas
com vestidos vermelhos e altos saltos
numa esquina na rica periferia
das cidades dos anjos
que voa sem localidade
nos céus invisíveis
pelo norte do sapato
que agora já está vermelho a horas
e ninguém verá,
pois é tarde e nunca mais vai amanhecer.

Botas novas.

Todas as pedras
foram chutadas
por mortos e presidiários .
Cada qual
resolveu não sentir.

Rolando estaticamente,
nunca se esquecendo
de quem são,
perfeitas para segurar
o crucifixo.

O fim do caminho é onde
todas se encontram
,rezam por cada bota
e comemoram
o começo da sentença.

quinta-feira, 3 de dezembro de 2009

Morte em terceira impotência

Impotência de amanhã,
pois o que ocorreu ontem
ainda está para ser,
para perceber.

Soturnos apanhares
em palmadas impetuosas,
desestabilizadas
por quando não foi consciente.
Os olhos do gato,
tão cristalinos envoltos por árvores
que dançavam a ópera grega;
a primeira oferenda à Dionísio,
esta que só presenciava sua ausência.

Um filme tardio,
isolado por mielina,
que após anos de impulso
o cimo coloca em percepção.
Impotente cimo derretido,
impontual até em essência.

O abismo chama atenção
e direciona o que já foi
e está para ser.
Aquilo mergulha,
afunda em reconhecimento
de aceitação.
E no alto das árvores,
aonde o sonho não muda,
o ruído chega despreocupado
e o inanimado ignora
até se ensurdecer.

Impotente percepção.
Agora ri,
pois em vão
as vagas engoliram
o presente.

quarta-feira, 2 de dezembro de 2009

Continua...

Ele acordou desesperado,
o teto o cobria com raiva e gotas de orvalho.
Desperdício pago com o amanhã.
Espreitava,rodeava,com seu corpo.
Inocente por cegá-la,
por jurar que compraria leite
independente do choro dos cães,
das guerras,
e da facada.
Cada noite ajoelhado
sentindo se enterrar pela silhueta
de um coração.
Os Santos se perderam na última noite,
que beijo.
Beijos diferentes,
que não fertilizam mais.
Rodeando o corpo,
deitado na sua cama.
Não é um sonho
onde os homens se afogam
e ainda assim são sábios por esquecerem.
Ele estava vendo e se perguntando
quando aquele aleijado iria andar.
Jurava que estava curado
dentro das quatro paredes
onde o sol se pôs.
A mala que se foi
carregava as lembranças
e ainda assim um furo
que jamais cicatrizará.
Mesmo nas noites com prostitutas,
as noites que viram,
todos sabem que o a voz
não voltará.

Tão longe, no céu da noite,
ela sabia.
Ele calado,com lençóis sujos
rezava mudo e desejava à distância.
Ouvia o som da pia
contando cada segundo ganho de solidão.
"Nessa noite a lua vai chorar
quando beber de baixo da mesa
todo desespero do mundo
em forma de garrafa.
E quando algum vestido perfumado
com essência de cão de rodoviária
chegar para aconchegar minha perna
meus olhos vão se fechar
e o inferno de pernas abertas
vai pingar."

Se deparou com a porta quebrada
e em passos de concreto
encontrou a rua.
O fígado gritando por ajuda
e a loja de bebidas mais próxima
vomitando notas de 10,
nada pode se segurar.
Você pode tirar seus sapatos,
suas calças e seu sutiã
mas nunca vai poder tirar a vontade
de um pobre cão abandonado
se molhar na chuva.
O céu estava azul na noite nublada
e todos os carros estavam prontos,
prontos para enforcar a dignidade da cidade.
Mais um relógio na parede
marcando os segundos transpassados
por damas sem vaidade
na cama de um vagabundo
abandonado.

Se a rosa no rótulo fosse suficiente
não existiriam dias,
pois o céu estaria repleto
e sem arrependimentos os rios acalmariam
milhares de corpos por noite.
As pontes que se expressem.
Por transparente,
olhos cristalinos,
garrafa escurecida
e um noite inundada.
Com os caninos cortou a tampa
com amparo e desespero.
"Desce diabo, que só você pode amolecer essa carne."
Aonde as pernas desfilavam
o olho odiava e a lembrança vinha como trem.
A lua não era romântica
e não havia ninguém mostrando ou cantando às estrelas.
Terrível e assustador,
mas com o veneno listado
estava pronto e enfrentará
o purgatório.

terça-feira, 1 de dezembro de 2009

Nuvens do homem.

Em um silêncio de haicai
o vento ressoa seu mantra
Eterno.
O vento sempre trouxe chuva
e em epifania
metáforas melhores.
Sagrados traços que não vemos,
levantem se atenciosos.

No topo do Paraná
o panorama é claro
e cheira a liberdade.
Sentidos mentirosos,
com tão pouca distância
a chuva jamais lavará minha mente.
Certo como o sábio,
foi proferido o ditado
onde o contato
é a certeza do apático.

A metamorfose
vem escondendo o luar.
Como naquela noite em que amei,
as nuvens se sobrepõe
sem sentido.
Toda profundidade
descobrindo
e preparando se para chocar
finalizando em gotas.

O volume de uma gota é fixo;
23 gramas, o lendário pesar.

Na justiça do Ideal
o céu trava suas batalhas luminosas.
Esperança de bilhões,
bilhões de vezes idealizado o Futuro.
Todos esquecem,
as nuvens se encantam
para chover
as gotas da mentira.