segunda-feira, 30 de novembro de 2009

Sonâmbulo

Erro doente,
cansado,
ver todas as fotos,
retratos do eu.
Em olhares artísticos
diversos,
infernais vendedores de sonhos.

A vítima reconhece
o espelho.
Nevoeiros
escondendo os pés,
a curva do pensamento
está absorta em hipocrisia.

Quadrados piscando
emoções assassinas
enquanto os gatos,
os gatos olham em silêncio.
Posições duplas,
a morte se arrastando enganada
por sobre a janela
que você virou as costas.
Coitado pela própria sombra.

Duas dúzias de cigarro
para o pulmão que bombeia,
só em êxtase de crime
engolir é viver.

Doce voz gananciosa.
Esganiça seu caminho
até o centro da cidade,
perto do tubo onde
o prefeito tomou um tiro.
Não há erro,
nada é errado.
Ontem a chance era certa.

Agora se ousar amanhecer,
realmente tomei o caminho errado.
Cego,mudo,mutilado.
Jogado em um canto vendo o céu,
só assim existe o infinito.

Eu só procuro o maldito,
o condenado que me condenou.
Sentença penal de artigo evangélico.
Matar é preciso,
pois o silêncio é infernal
e o barulho o demônio.

Blake,
que sua visão angelical
no cume ilumine.
Os mudos começaram a gritar
e o coro não segurará a insatisfação;
a cidade chora
e mais uma noite não há sono.

Nenhum comentário:

Postar um comentário