segunda-feira, 12 de dezembro de 2011

Deixei de acreditar no tempo
quando soei
e ecou

passado
presente
futuro

era eu
desexistindo

quinta-feira, 1 de dezembro de 2011

Dez, Dê, Sê

Da desesperança,
Do descotidiano,
Da desconstrução oscilatória do sofrimento,
Do tempo, carrasco e autor.

Seguem calados e enfileirados
os enclausurados pela desistência,
aqueles arrependidos,
fixados no tempo,
materializando

sorte e erro
previsão
imprevisão.

Somos nós,
desconstrutores clássicos,
empoeirados, estigmatizados
pelos dogmas da concessão.

Concedo ao exterior
meu certo,
reduzo-o
ao que quero.
Desejado é adquirido,
é perplexo e reflexo,
é inversão pelo sub-consciente,
do vi ao que seja
arrastando o tracejado
florindo à decepção.

Afinal, foi decidida,

"Ó linearidade, recusa!
Sê pra ti,
Separa-te de mim!"

pois nascemos e seguimos
e a dúvida e o contraditório
se tornaram a essência do associal.

Há somente o caminho
em que as pedras são a luz,
a impermanência no infinito
da sequência vital.

segunda-feira, 17 de outubro de 2011

Agora toque seu corpo perfeito com sua mente. Enquanto apodreço sem medos do que chove sobre mim. Os egípcios, em sua perfeição intocável pelo temo já passado, o tempo passa. Eu gostaria de ficar quieto enquanto nossos tumores cantam até explodirem. Mas, ainda está por vir e se vem é certo independente do grito antecipado.

domingo, 9 de outubro de 2011

Caindo adentro.

pois agora sou o pai,
pai de seus sonhos
enquanto você poderia
ser uma mentira melhor.

fria e cega,
certa para enganar.

mas enquanto isso
estamos desentendidos,
sem consequências.

enquanto desces
à minha janela
com teu vestido de noiva,
me calava.

calava a solidão
dos corações partidos.

éramos jovens
perante à crise de asperger
de sua dependência,
sem sua força,
quando me deixou.

então casou com outro,
com a ideia de quanto me importava
enquanto me deixava.

Fria e cega.

quinta-feira, 29 de setembro de 2011

Suplício

Vão em frente com a demonstração
do que algum dia, de certa forma,
acontecerá àquelas ações
um tanto quanto densas
para a sociedade.

Soprem os pulmões apodrecidos de todos os fetos anencefálicos
sobreviventes da recessão sentimental
que assola o ocidente e se espalha
por através dos oceanos.

Explodam palmas,
ecoem uivos,
abafem lamentos,
solidariedade e esperança
florescentes e vigorantes
apenas
na subconsciência de nossa impotência.

Continuem os estímulos
à objetividade degradê
que exclui as lentes cinzentas
enriquecedoras do ser-agora
enquanto reis e rainhas,
certo e errado,
ordenam o regimento condenatório
da desolação.

Tanto sejam
para que silenciem a minoritária sinceridade
que assume a própria podridão
e solitariamente
nasce,
cresce e morre

em anonimato.

terça-feira, 9 de agosto de 2011

Ser amado na fase ultra romântica

Sentia seu nome
como o holocausto
clareando as sarjetas
de minhas aspirações.
Caia em quatro passos falsos
enquanto fumava através
das grades da turbulência
que evitavam a percepção
de quão insensato
é idealizar.
Cheirava a insonia
em maio ao meio de tudo
e toda cafeína da cidade.
Olhava para cima,
sobre seu seio seco
e flácida minha face
escorria sob meu próprio interior,
sem palavras ou secções da verdade,
apenas poeira
de minhas mistificações.
Ela tentava manter um diálogo
e eu ainda aprendia a rastejar

sexta-feira, 15 de julho de 2011

não vi luz,
não vi tempo.

sem existência
e não-existência.

apenas o essente,
fora do sonho desperto
e da ilúcida impermanência.

sem mudanças,
sem tristezas,
na solidão
sem o eu.

segunda-feira, 11 de julho de 2011

essa rua,
essas árvores,
as paredes,
na escuridão.
apenas anteparos
para gravuras temíveis
que orlam nossa vontade
cerceando a angústia
para restá-la
eternamente para si.

como o tempo
em trânsfuga
deixando para trás
a perfeição social,

olhe.
é cessível,
é reconhecível
a aptidão
para pensar

enquanto isso
desespere,
pois despertar
não é sinal
de lucidez.

quarta-feira, 29 de junho de 2011

Este tempo,
enquanto sentimentos
atados e atordoados
em nós momentâneos
e irreparavelmente imperceptível,
não bastará
para harmonia em procura.

Enquanto a lua percorre
e esquecemos de sua existência,
ela é perfeita.

Porém não há esquecimento,
apenas a clareza
da não existência.

quinta-feira, 9 de junho de 2011

Nada existe como tanto,
como tal,
como algo,
como tempo.

segunda-feira, 30 de maio de 2011

palavra
carrasco
salvação

domingo, 29 de maio de 2011

Queimava o corpo da catástrofe
junto ao rio
enquanto os outros tantos corpos
que nunca se concretizaram
uivavam monocromos
para que não houvesse escapatória
e fielmente
fosse consumado
o desespero.

A fumaça era guiada pelo vento,
como os abutres,
como as flores.

Um único caminho, apenas fragmentado
para que a escapatória
deixasse de vir a ser
e transcendesse a perenidade
para que fosse.

Acima disso
era apenas o filtro divino
que mitigava
fazendo com que não fosse tragédia,
mas o nascimento
da alegria.

terça-feira, 24 de maio de 2011

Fomos consumidos
pela humanidade
cuja essência progressista
virou lástima e carrasco
de nossos calmos sonhos
ao amanhecer.

quinta-feira, 19 de maio de 2011

Enquanto pedaços de pessoas
caem em vão e desconstituídos,
as peças de nossos céus se formam
e ainda assim procuramos o azul
nos olhos mais próximos.

terça-feira, 10 de maio de 2011

O mundo é uma lata de merda
e nós, como moscas,
a ele nos atemos
através das existência.

sexta-feira, 22 de abril de 2011

descontruiremos a solidão
sem intenção de relacionar palavras
com o real das mil folhas
que decaíram no inverno
as palavra deixadas de lado,
os ângulos esquecidos,
abstém se de angústias
e ignoram a liquidez

quarta-feira, 2 de março de 2011

é hora da derrocada,
da derrota pelo simbolismo,
das noites e das tardes
em lirismo mudo
e sóis ambíguos.

é hora de dourar
os passos da volta
e restituir o espaço
entre tom e meio tom.

é hora
do tempo parar.

quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

que soe agora
o terror sonoro das correntes
da imensidão de possibilidades
que cerca a probabilidade de sentimentos.

que serre o medo
antes que tudo se consuma
em apenas uma palavra
que irá ressoar nas costas
de todos que amamos.

que sinta mais uma vez
o que existe
e não o que é propício
para momentos
entre a incompreensão
e o vazio.

quinta-feira, 6 de janeiro de 2011

Minha mente,
uma roleta russa completa,
cada tiro uma mesma direção.
Todas as estações
e os mesmos trens

enfileirados e presos
nos trilhos da linearidade eterna.

Os tropeços,
perene salvação,
nada mais do que acidentes
ou intervenções
no caminho certo
da desilusão.

Para superar a falta de coragem,
lá vão eles

jogados sobre os trilhos
com os dentes cerados
e olhos escorrendo

então finalmente
o trem passa

chega a aceitação.