No acordar tudo é lento
um caminhar demorado
sob o mundo suspenso
água, catarro, menta, doce, amargo
o tempo disforme do recém inaugurado
um trago no café
e é notícia antiga
o relógio marca-passo
o nó literal na garganta
carro, cubo, frio condicionado
calor de verão nem se sente
lá dentro tudo é estéril
a forma, o objeto e a mente
Dezoito horas
e o mundo acabou
esgotou-se o que fingia
e quem queria
nudez, tesão e folia
agora é só preguiça, cerveja e TV
Dezoito horas
e tudo se consome
morre o nascituro
some
contraponto, impositivo, potente
dilacerar cerveja, fumo, perseguição
o furto corrente, sequente,
sequência-passo-des(a)caso
encontrado o momento
furtivo sorriso deslinda
não, emaranha
agarra a raiva vocal
vociferra, trânsito estaca
desfeito um caminho
arrepia, porta chia, vulta sala em sonolência
corpo opulento nada obstrui
gentil, enfrenta a janela, esquina esfumaça
a tela na sala, programa tardio
repetição pede repede
penitente
caminha, demora, não vai
em frente
viúvo sono, agarra
dedos em sonhos, pingam - chuva
tinta de rostos, cor do almoço, a pressão da escova
cai
falso alarme