quinta-feira, 25 de novembro de 2010

Sombra

A primeira metamorfose
é o susto inesperado,
porém preguiçoso
e quando começam as canções
da inovação
choramos ao céu
vogais não pronunciadas
ao nascer do sol.

Pela experiência incessante,
a próxima transformação
chega
e como antes
é pretérita à aceitação.
Se fossemos preparados
ou prontos
não haveria dinâmica
e a impermanência
seria o maior mito
desde a salvação
após o dilúvio.

Recostados
rastejamos,
pois começa a se espalhar
a tristeza
que acalentará
a estadia atemporal
de nossa consciência.

Será como as baratas e os ratos,
acanhados pela submissão de olhares discriminantes,
se espalhará pelas periferias de nossa visão
como uma solução, que apenas temporária,
trará pinceladas de esquecimento.

Com o tempo e a destreza,
se tornará melancolia
e com tamanha naturalidade
envolverá a todos.

É tímida durante o dia
e o céu
anoite.

quinta-feira, 18 de novembro de 2010

Os joelhos
não bastam
para que o que tudo parece
nada ser.

Já diriam,
o Budismo é fácil
para os bons momentos.
Todos os bons desejos
adormeceram com aquela cidade
e mais especialmente
naquele espelho
empoeirado
no sótão de uma lembrança.

Todos os mais bravos
ficam sóbrios
e acabam rastejando
no sangue do que pariram
com suas ilusões
que podem ser ouvidas
no eco de seus braços
atrofiados.

Já eu,
engolirei seco
para que a garganta
não deixe-me esquecer o que existiu,
pois com meu pai de joelhos
rezando para um cristo
que jamais nasceu
nada resta
do que foi dito
ou do que quis
dizer.

Os cemitérios estão cheios
daqueles que como nós
pensaram que viver
era uma eternidade
que só existe
entre um copo
e outro
,mas no fim

estávamos aqui
bem antes disso.

segunda-feira, 15 de novembro de 2010

Sonhar é tão pouco
quando os olhos não se fecham
e a eternidade
é a madrugada.
Nessas horas
a esperança prova
ser dependência
e eu me torno
abstêmio.
Há um descompasso
entre a água e a lama
acompanha o contratempo
da terra e do ar.

É um choque hemorrágico
acordar com ideias degenerativas
sobre um por do sol permanente
e a solidão de uma letra
esquecida
pela escolha.

Não supere
a ponto
de permanecer
alterado.

terça-feira, 9 de novembro de 2010

Manhã solidão

O sonho foi vago
,quando a memória observou,
e logo o sol arranhou as pálpebras
avisando que de fato
não vi seu olhar adormecido.

segunda-feira, 8 de novembro de 2010

É hora de desistir
do amanhã
que perante tantas subjetividades
transcendeu a abstração.

Não se materialize
Não chegue

O futuro é a ponte para um sonho
que jamais será construída
vendo o amanhã que não reflete
em nossos olhos ébrios de distância
por não encarar os ladrilhos
de uma manhã de sol.

quinta-feira, 4 de novembro de 2010

Os sonhos órfãos
se relacionam
junto às sobras
de seus pesadelos perplexos.

Os pintores nus
corriam com seus pincéis
calibrados com balas de 38
e retratavam todo aquele jogo
que desolação estática
em meio aos guarda-chuvas
correntes e ciganos perfumados
que não sonham mais em voltar.

Não há mais frio
que seja suficiente
para defumar todos os trocados
perdidos com as alianças
e os noivados naquela igreja
em frente a tabacaria
mais frequentada da cidade
com todos os ternos queimados
pela mentira
que é só uma desculpa
para a verdade
que todos idealizaram
com seus dentes pintados
e escravizados
escondendo as línguas afiadas
que cortam a pele daquele sonho
solitário
que jamais vira ser.

Sem pais nem mães
ou parentes relativos
compondo a estrada parida
por olhos que não piscariam
a não ser que algum porco
contasse uma piada decente
sobre suas rosquinhas favoritas
ou sua preferência por
prostitutas ruivas de lábios vermelhos
que viram sombra perto
das calças abaixadas
em frente ao 13° distrito
com toda sujeira da cidade
sendo insuficiente
para tornar aquela saia limpa
mesmo que por comparação
sendo que o radiador do carro
esquentava com a sirene
desbocada já que o pouco troco
foi o restou
daqueles sonhos independentes
de qualquer retrato
que não sobra
nem para retroceder
a uma imagem seca
do por do sol
antes de amanhã.

segunda-feira, 1 de novembro de 2010

O fardo que tomo
é o mesmo que carrego
e equilibro
pelos becos fétidos
dessa cidade.

Toda masturbação
desemboca em trincheiras cegas
que devem acabar
engravidando
com gravidade
os animais do subsolo.

Cercado de envolturas
em um pleonasmo
subtropical,
vejo que a repetição
é o vazio
do meu nome.