terça-feira, 31 de agosto de 2010

Meu futuro,
li pérfido
na mão de um robô.

Sinto-me humano

A cada tragada calada
percebo,
a força esvai
lenta
e quase imperceptível.

Mas, tudo isso
é indispensável.

A fraqueza espanta
e quando vem muda
parece que gritamos,
por nos distanciarmos
dessa sociedade.

É temível
sentir-se humano.

Na rua,
alguns andam
e outros dirigem.
Todos
com sua individualidade
direto
para caminhos
que distanciam-se
do meu.

É surpresa
quando nos encontramos
e dois caminhos
se anulam.

Duas solidões
foram passear
e me contaram
que acompanhadas
não mais
o são.

quinta-feira, 26 de agosto de 2010

Já que é assim

Se na vida tudo posso
corro com m,
minto com s
e intendo
com e.
Aleijado de uma alma,
de tormentas
e intesões
se tornou
apático
em maio
no mês de boas
ações.
apese-se,
apressado
arrepende.
apetece
agora,
asno.

passou.

Em uma casa, uma criança

Ao silêncio
de todos esses anos,
guardo a memória
por não se calar.

Ouvi uma história
sobre um maestro
e sobre saudade.
Deve ser esta
a melodia
do meu silêncio,
que se arrasta calado
e grita
na solidão,
grita sempre
acompanhado.

Hoje não foi suficiente cantar na capela
e roubaram as galinhas do padre.
Eles nos jogam a corda
e gritam para
cairmos.

quarta-feira, 25 de agosto de 2010

Como santos,
flutuamos pelas ruas.
Pregamos a bondade
através de nossos goles,
afastamos o mal
e livramo-nos
do pecado.

Como santos
consumimos o mal
com nossos corpos.
De cansaço,
desmaiamos
e como santos
não sonhamos.

incompleto...

Por todos
aqueles anos.
Resguardo a foto
de meus olhos chorando,
é apenas
o que
vejo.

Sua prima,
ela deu as caras por aqui
me contou sobre o calor
e como o tempo tem mudado.
Assenti com a cabeça
tendo toda certeza
de que nada percebi.

Ela relembrou
aqueles almoços
com toda sua família,
como odiava.
As fotos
daquele em especial
só me mostravam santos.
Naquele dia
naquele rio
aqueles santos
cantaram a canção
que fez jurar.

Não demora.

Lembrar a canção
parece
ser o que me tornei
e ela esvai
enquanto eu vou.

[...]

terça-feira, 24 de agosto de 2010

às vezes
tento ser,
absurdo.
percebo,
isto é descrever.

segunda-feira, 23 de agosto de 2010

olho a tela branca
e não vejo respostas
a resposta é esquecer
de orgulho
já morreram três

sexta-feira, 20 de agosto de 2010

citando edek

"Mais um dia inútil
Com ensinamentos reais
e Alegrias passageiras"

segunda-feira, 16 de agosto de 2010

O circo da desesperança

Venham meus caros
assistam o circo da desesperança.
Sim, ele é incostante.
Vocês verão
o fluxo hemorrágico de ações
parcialmente parlamentares
mas nada diplomáticas
que darão consequências
à horas júbilo que trará
de volta os tempos de Dionísio.
Tragam suas garrafas,
tragam todas as suas garrafas.
Eles têm sede,
bebem da vida em bongs de 20litros
e saem em busca de mais,
muito mais,
tudo será deles ao mesmo tempo
em que nada terão.
Não se afobem, melancólicos.
A chuva de risos
é apenas o começo
de toda e qualquer
boa tragédia.
No cimo da alegria
só restará a queda
e do topo do Olimpo ao chão
as pedras se tornam
incontáveis.
Venham curiosos,
este circo é a eternidade
e quando despencam
só restarão as risadas,
prazer,gozo,volúpias interiores,
vocês sentirão o gosto
de estar sobre todos eles,
de massacrar os sonhos
com respostas ridículas
sobre valores e a estrutura da sociedade.
E quando o chão chegar,
se escondam,espectadores.
O inferno começará
para todos nós.

sábado, 14 de agosto de 2010

"cuide com aqueles que encaram, eles sorriem apenas para ver aonde você morre"

Deperdure

meus olhos
são poeira,
a daqueles
que passaram

meus segundos
são passantes
e a melodia
é a dos saltos
que penetram no chão

quando o dia acaba
os parasitas
ainda rastejam
como a lua
que timida
intimida
para os pesadelos
se sentirem a vontade
ao se aconchegarem
nas cobertas
da ilusão

e isso
é amor.

terça-feira, 10 de agosto de 2010

Fluxo duvidoso

foi surtir efeito
quando duvidou,
pés de glória
no luar rubro
na cascata de paralelepípedos

cada frase
cada movimento
devagar
esvaía

não era plural
nem singular
era vontade
erro tarde
por achar

cabelos sujos
a iluminar
há dúvida
à questionar

mas fez sentido
no momento militar
em rubros paralelepípedos
na cascata do luar

justo

"Begônias silvestres

o sumiço da sua silhueta amiga
fez meu perfil baixar a cabeça
as cores da tarde, cinzas cinzas
as luzes da noite, negras negras

desaparecer não é para qualquer um
só você, misto de mistério e dúvida
pode estar em lugar nenhum
e ainda me tocar, por música"

"engraçado
esse sujeito
que vi
na rua

não existiria
se eu
não o tivesse
visto

engraçado
esse sonho

eu só
existir
aos
olhos
daquele
sujeito
estranho"

M.Prado

segunda-feira, 9 de agosto de 2010

Que consolo

Depois de algum tempo
acabei aprendendo
a piada que sempre tentou
me contar.

Era algo
sobre um gajo cego
encarando eternamente
um foço de ampla escuridão,
esperou
traçar o fundo.

sexta-feira, 6 de agosto de 2010

Fragmentos desconexos

Não me lembro bem
por que acordei hoje,
mas era algo sobre um sonho,
sobre você
ou talvez
sobre eu.

Mas não se decepcione,
não mais.
O que está errado
já deveria estar antes.

É uma chance
que passará
e todos acabarão
lá.

Talvez seja este
o problema,
talvez esta seja
a grande dificuldade,
o diagrama da felicidade.

Neste segundo,
com meu silêncio
e sua distância,
percebo
que não vou
a lugar algum
com este estado
de comoção.

quarta-feira, 4 de agosto de 2010

Houveram tempos

Talvez seja o final
de uma juventude
esta desesperança
sobre o onírico.
Acordar
com a pele tão boa,
os dedos amarelados
e o cabelo
incessantemente
engraxado.
Olhar as crianças,
fumando seus cigarros
e sonhando nos parques.
Rodam com a enorme
roda da inocência.
Eu desapareço
em tamanha crença,
observo como positivista,
puro de qualquer intensão
de minha subjetividade.
Eles cortam seus cabelos,
escrevem poesia,
eu já estive neste quarto.
As bandeiras armadas
e os pelotões marchando,
todos concisos
de um jeito sagrado
mas perecível.
Derrepente
o crime é partir
e o olhar de adeus
é tomado
pela lágrima da saudade.
Houve um tempo

segunda-feira, 2 de agosto de 2010

Madonna da tristeza

OS missionários rodeavam
enquanto adeptos e veneradores
brilhavam
como pássaros roucos
com seus cigarros.
Quantos poderiam pensar
que a proteção
no fim sairia de seus bolsos.

Foram vários para carregá-la,
suas professias pesavam
e a subnutrição oriental
não fortificava os corações vulneráveis.
Um olhar de metal
arrastando a força
aqueles dentre eles
que achavam poder resistir
a silhueta cigana e certeira
como um luar
baixo e acolhedor.

Deve-se esperar?
Os reis chegarão
e com suas listas de pertences
tirarão seus lábios de urânio,
mas quem acharia isso suficiente
com estes modos espanhóis
e um contorno de lucros
justificando o dilúvio e o céu.

Fazendeiros e prisioneiros
mostravam seus dentes amarelados
que ofuscavam
de maneira simpática
a cruz encravada nas unhas
dos que a movimentavam.
Com roupas bregas,
nenhum negava se sujar
por apenas um olhar fingido e desviado
de tamanha presença.

Com a memória típica da artilharia
e o desejo de um navio portenho
,cujos pés
jamais alçarão em vontade
de retornar para o estatismo
que pode nos destruir,
mostrava por que guiar
com olhos tristes
que me fizeram esperar
outras três
eternidades.

domingo, 1 de agosto de 2010

Sendo sua vez, eu abandono

Quebrarei em dois
e imaculado
tomarei a decisão
de ceder uma vez mais
o sangue de meus joelhos
ao chão.
É a atração perpétua,
sem escapatória,
entregue à decadente
frustração
das expectativas
turvas e provocantes
que escarram
momentos que erradicam
o verdadeiro,
o tardio.

Mas a certeza
de um segundo
sentindo
vale a queda.