quinta-feira, 3 de dezembro de 2009

Morte em terceira impotência

Impotência de amanhã,
pois o que ocorreu ontem
ainda está para ser,
para perceber.

Soturnos apanhares
em palmadas impetuosas,
desestabilizadas
por quando não foi consciente.
Os olhos do gato,
tão cristalinos envoltos por árvores
que dançavam a ópera grega;
a primeira oferenda à Dionísio,
esta que só presenciava sua ausência.

Um filme tardio,
isolado por mielina,
que após anos de impulso
o cimo coloca em percepção.
Impotente cimo derretido,
impontual até em essência.

O abismo chama atenção
e direciona o que já foi
e está para ser.
Aquilo mergulha,
afunda em reconhecimento
de aceitação.
E no alto das árvores,
aonde o sonho não muda,
o ruído chega despreocupado
e o inanimado ignora
até se ensurdecer.

Impotente percepção.
Agora ri,
pois em vão
as vagas engoliram
o presente.

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