quarta-feira, 2 de dezembro de 2009

Continua...

Ele acordou desesperado,
o teto o cobria com raiva e gotas de orvalho.
Desperdício pago com o amanhã.
Espreitava,rodeava,com seu corpo.
Inocente por cegá-la,
por jurar que compraria leite
independente do choro dos cães,
das guerras,
e da facada.
Cada noite ajoelhado
sentindo se enterrar pela silhueta
de um coração.
Os Santos se perderam na última noite,
que beijo.
Beijos diferentes,
que não fertilizam mais.
Rodeando o corpo,
deitado na sua cama.
Não é um sonho
onde os homens se afogam
e ainda assim são sábios por esquecerem.
Ele estava vendo e se perguntando
quando aquele aleijado iria andar.
Jurava que estava curado
dentro das quatro paredes
onde o sol se pôs.
A mala que se foi
carregava as lembranças
e ainda assim um furo
que jamais cicatrizará.
Mesmo nas noites com prostitutas,
as noites que viram,
todos sabem que o a voz
não voltará.

Tão longe, no céu da noite,
ela sabia.
Ele calado,com lençóis sujos
rezava mudo e desejava à distância.
Ouvia o som da pia
contando cada segundo ganho de solidão.
"Nessa noite a lua vai chorar
quando beber de baixo da mesa
todo desespero do mundo
em forma de garrafa.
E quando algum vestido perfumado
com essência de cão de rodoviária
chegar para aconchegar minha perna
meus olhos vão se fechar
e o inferno de pernas abertas
vai pingar."

Se deparou com a porta quebrada
e em passos de concreto
encontrou a rua.
O fígado gritando por ajuda
e a loja de bebidas mais próxima
vomitando notas de 10,
nada pode se segurar.
Você pode tirar seus sapatos,
suas calças e seu sutiã
mas nunca vai poder tirar a vontade
de um pobre cão abandonado
se molhar na chuva.
O céu estava azul na noite nublada
e todos os carros estavam prontos,
prontos para enforcar a dignidade da cidade.
Mais um relógio na parede
marcando os segundos transpassados
por damas sem vaidade
na cama de um vagabundo
abandonado.

Se a rosa no rótulo fosse suficiente
não existiriam dias,
pois o céu estaria repleto
e sem arrependimentos os rios acalmariam
milhares de corpos por noite.
As pontes que se expressem.
Por transparente,
olhos cristalinos,
garrafa escurecida
e um noite inundada.
Com os caninos cortou a tampa
com amparo e desespero.
"Desce diabo, que só você pode amolecer essa carne."
Aonde as pernas desfilavam
o olho odiava e a lembrança vinha como trem.
A lua não era romântica
e não havia ninguém mostrando ou cantando às estrelas.
Terrível e assustador,
mas com o veneno listado
estava pronto e enfrentará
o purgatório.

Um comentário: