sábado, 7 de janeiro de 2012

Em três dedos

"Não derrube o violão"
foi dito
enlouqueci
sofri
a fumaça chegou a tomar conta
do salão
os mesmos quatro acordes
e talvez deus ou Deus estivesse ali

transgredi
pensei e chorei
em um instante
senti a dor do mundo
e cansei de ser o mesmo
chorei
mas mantive a máscara,
dormi.

Deixei o toque,
esqueci-me,
procurei por fora
o quê já tinha achado.

Não havia dúvida,
eram dedos,
eram braços,
era o alcance de tudo que procuramos
em anos de vício.

Como fomos chegamos
em acordes bíssônicos
sem divergências,
sem medos de cairmos.

Cansamos de correr,
metalmente e fisicamente
e tudo estava certo.

Ou parecia certo
achávamos que era o certo
ou que era o errado
mas no momento certo
no lugar onde deveriamos estar
e uma certa alegria
acompanhada de agonia
nos acompanhava

Naquele momento certo
com as pessoas certas
os cigarros corretos
e as cervejas perfeitas
geladas como nossos corações
corações solitários unidos
por um ideal
passar sentimentos que precisávamos
e o violão caiu.

O ato de pensar
não repetia,
adormecia
cagava sofrimento nos meus dedos
só podia escrever
não raciocinava
não sabia
que a dor não era minha
era sua,
nossa
o violão nunca caiu
mas e eu?
eu

nunca levantei.

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