quinta-feira, 4 de novembro de 2010

Os sonhos órfãos
se relacionam
junto às sobras
de seus pesadelos perplexos.

Os pintores nus
corriam com seus pincéis
calibrados com balas de 38
e retratavam todo aquele jogo
que desolação estática
em meio aos guarda-chuvas
correntes e ciganos perfumados
que não sonham mais em voltar.

Não há mais frio
que seja suficiente
para defumar todos os trocados
perdidos com as alianças
e os noivados naquela igreja
em frente a tabacaria
mais frequentada da cidade
com todos os ternos queimados
pela mentira
que é só uma desculpa
para a verdade
que todos idealizaram
com seus dentes pintados
e escravizados
escondendo as línguas afiadas
que cortam a pele daquele sonho
solitário
que jamais vira ser.

Sem pais nem mães
ou parentes relativos
compondo a estrada parida
por olhos que não piscariam
a não ser que algum porco
contasse uma piada decente
sobre suas rosquinhas favoritas
ou sua preferência por
prostitutas ruivas de lábios vermelhos
que viram sombra perto
das calças abaixadas
em frente ao 13° distrito
com toda sujeira da cidade
sendo insuficiente
para tornar aquela saia limpa
mesmo que por comparação
sendo que o radiador do carro
esquentava com a sirene
desbocada já que o pouco troco
foi o restou
daqueles sonhos independentes
de qualquer retrato
que não sobra
nem para retroceder
a uma imagem seca
do por do sol
antes de amanhã.

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