segunda-feira, 6 de janeiro de 2014

Seu caso em mim

não foi por sua música,
diácope insistência em se referir
dizer podia ser
dizer podia como se o que seja
- toca dó cem fins -
permeasse o pensar expressionista
na praça tela, no último toque.
pesados trocados que não se foram,
versos trocaicos na métrica do pesar,
aquele úmido colorir da insônia
que não nos deixa,
que ama só.
me encoraja,
esse só, você,
esse queimar eterno do último,
o cigarro perdido em hábito,
a lembrança vertiginosa
da pedra pálida e indiferente
em um domingo cristão
no bairro negro de San Franciso
em pleno janeiro de 1951.
porque sou aquele postal de Tristessa?
expondo sobre o vazio
que transgredia as ruas em MexicoCityBlues
sem erva, sem pico, o tabaco da razão,
a criança eterna naquele vagão
contando as conchas que nunca viu,
esperando pelo primeiro pisar no mar.
aquele seu som me dizia sem-esperança,
uma agulha gasta na vitrola dos seus pensamentos
que estendem esses versos como se o choro
tocado em primeiro de janeiro
insistisse que as coisas são iguais
e sofrer é amor em pleno encanto.
The same voice on the same ship
The Supreme Vehicle da prosa.

Depois do vento,
aquela promessa em Nova Orleans
da chuva nunca, mais,
sequioso silêncio
do ponto final prometido
em cartas assinadas por Godot
naquele diálogo com o absurdo.
mas o quê foi?
pecado dó harmônico,
mas toco eu em lua aberta,
num amanhecer pouco habitado,
eu absurdo, você diálogo.
absurdo, Denver, alcoólico sonho
em que meu pai se perdeu
e, quer dizer,
passei meu primeiro terço na busca pelo sofrimento,
significando você na figura paterna, projetei
m'eu em terceiro literato
como cinzas absortas pelo dedo úmidecido
das garrafas da cerveja feridas anteontem
que pelo peso espurco,
derramo e limpo.
nessa oficina do final,
forçando mais um inspirar do tempo
no todo descompassado dos braços a se cruzar,
recostada em alguma esquina,
cambaleando a volta à casa
por através de algum monumento
que não nos conta nada
quando não se lê o não visto
você ainda furta minha palindromia,
indelicada como o filho comunista
que embarcou rumo às vielas
e às vagas novelas francesas.
o burguês que negou o prazer de uma orgia de tédio
escrevendo alguma sequência matemática
que se senta ao lado de santo Moloch.
ouso dizer, quê, culpa e incógnita.
talvez isso seja a maravilha,
o deslindar do beijo distante
que falta como a morte
que não é paz ou calmaria,
mas um amanhecer,
sem tocar estas linhas.
sumindo comigo,
o diálogo é só absurdo.

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