quinta-feira, 22 de outubro de 2009

Havia uma pedra em seu cachimbo.

As cobertas tremiam,
acordei de cara com o despertador:
5:00 AM
Maldita americanização.
-Amor, você está acordado?
Grunhi.

Percebi que algo estava errado,
talvez fora presente do sono essa percepção.
Os olhos dela estavam estralando,
provando verdadeira loucura derradeira.
-Cacete, você fumou aquilo?
Merda, eu falei que era forte pra você porra.
-Juro que não aguentei,
ele me chamava.
Você sabe como passei a semana toda sem...
Estou assustada!

Ela me lembrava os cubos do meu uísque.
Fui até a cozinha, enchi o copo.
Céus, o movimento transmitido pela janela
parecia televisivo.
Puta ; cafajestice.
Sentei na cama encarando o copo e os pelos da perna.
Ela tinha sumido.

Cruzei cada cômodo a vontade,
não havia pressa.
Ela estava no banheiro,
na banheira.
Gritava dizendo que precisava se esquentar,
não discordei e ofereci um trago.
O papel de parede nunca esteve tão manchado,
parecia que alguém resolvera cagar em cada centímetro.
-Toma um gole meu bem, vai te fazer bem.
Ela pensou que fosse um martelo,
percebi como enfraqueceu-a, acalmou-a.
Tanto melhor assim, pensei.

Sequei seu corpo farto,
cada gota a menos era um pensamento sujo em minha cabeça.
Homens, só querem trepar.
Não é mentira e com muita certeza apenas descuido das mulheres,
pois até hoje não perceberam que isso é o que importa.
Ela se acalmou.
Ninei-a em meu colo,
acariciando sua mente conturbada lentamente
e aproveitando cada fio maravilhoso e excitante
que saia de sua inteligência.
A cor não importa.
Acabei o copo,
me servi outro e agora completo.

Sentei na cadeira descascada da sala e observei.
Horas de circunspeção olhando aquele ventilador
que oscilava em cima do carpete sujo e cheio de merda.
Merda, assim cheira essa casa e meu cú.

Levantei com calma e sem deixar o copo descansar,
lamentando cada passo abri a caixa e resolvi botar tudo.
Achei um pedaço de guardanapo de seda
de baixo do pé esquerdo do sofá.
Enrolei com calma e precisão.
Perfeito.

O dia nasceu,
ela dormia
e eu
recusava aceitar.

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