domingo, 5 de julho de 2009

Doença alegórica

Era hora de sair. Oito horas da manhã, todo santo e maldito dia meu caro Dimitri saía para comprar pães para seus familiares. Como sempre levantou com a disposição abalada pelo sono, afinal um menino de 8 anos não tem a força operária de amanhecer com o dia. O pequeno estava cansado, ele vivia para a família. A família precisava dele. O laço foi consumindo se. Todos estavam fatigados. Todos queriam a riqueza. Todos estavam distantes e separados, este era o quadro. Para o bem próprio e comum, ele usou sua garra infantiu cheia de energia para tirar o corpo magro da cama. De pés descalços ,tocando chão e sentindo o frio infiltrar por entre seu dedão, vestiu sua calça marrom, sua meia furada, sua camisa de mangas longas para verão e inverno e claro sem cuecas. Quem hoje em dia tem dinheiro para cuecas??? Orgulho, peito estufado, a batalha contra o império vizinho estava armada, era ele contra o mundo. Abriu a porta determinado. O vento entrou e ele rapidamente a fechou. Estava frio. Pegou o único agasalho, uma toca de lã. Novamente a porta a frente, peito alto, casbialto, tudo alto, abriu e saiu. Era praticamente uma hora e meia de caminhada para chegar a padaria onde seus pais podiam pendurar a conta. Dura pernada. Duro caminhou. "Até parece refletir um pouco da realidade", pensava nossa criança. Durante o caminho ele gostava de sonhar com as paisagens que descobria na escola, nos altdoors, o tal dos Estados Unidos que todos falavam e clamavam como O paraíso. Ele era um garoto curioso e dedicado nunca tirara uma nota baixa no colégio. Pensava sempre na possibilidade de um futuro trabalhando como vendor ou algo grande do gênero. Mas eram apenas pensamentos e sonhos, nada concreto que pudesse suspender a pobresa e levá-lo para um lugar longe do sofrimento, da fome e da falta de água. As coisas ficam violentas quando não se têm comida nem mantimentos básicos para sobrevivências e o caro Dimi podia afirmar isso com convicção.
Como parágrafos são para bichas, continuemos. Seu caminho era longo mas suas ideias fortes [pela nova gramática]. Andava e andava. No caminho sempre passava por uma banca de revistas, onde sempre marotamente furtava um cigarro e sentia o gosto de ser adulto e livre. Ele andava cheio de sí com aquele pedaço de veneno por entre os dedos. Concerteza todos faríamos igual. Naquele dia em particular as ruas estavam calmas e ele também. Andou por uma hora e meia desfrutando da paisagem, que apesar de ser sua velha conhecida, sempre o surpreendia. Finalmente chegou, a padaria do seu Manéquim. Entrou com o corpo pesado, pois apesar da diversão que tivera pitando e absorvendo o caminho estava cansado. Chegou ao Mané e pediu 3 pães, que era tudo que seu dinheiro pagava. Para cinco pessoas realmente não é tanto, mas para cinco pessoas com bom senso é mais do que o suficiente, assim constatavam seus pais. O dono da padaria foi pegar os pães, eles ainda estavam no forno. Ao Mané entrar ele avistou um sujeito curioso do lado de fora do estabelecimento. Este estava sentando na escada da padaria e estava mal trapado. Dimitri ficou fitando o, o sujeito notou e correspondeu o olhar. Após algum curto tempo Dimi chegou perto do estranho e perguntou porque este estava ali sentado, solitário, avoando. Ele falou que estava refletindo sobre a vida e falou que era poeta. Uma curiosidade acendeu sobre esta incrível profissão acendeu na criança e o vagabundo explicou a ele com muito afinco de que se tratava seu trabalho. O menino ficou muito interessado e pediu para ver a obra do bom poeta. Este lisonjeado falou para o garoto ir até sua casa um dia desses. Dimitri pensou e lembrou que talvez nunca mais visse o poeta e perguntou se não poderia ir agora, o caro consentiu. Este se levantou e pediu para ele o senguir, a criança inocente até esqueceu o alimento de sua família pela curiosidade. Chegaram em um beco. Ele abaixou as calças. Outro nada fez. Feriu se. Nunca mais foi o mesmo.

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