domingo, 10 de maio de 2009

Tormentos e lamentações

A lua rola norteando os cães da noite, é hoje a mudança começa. Ele puxou um charuto do seu bolso e catou seu casaco de cima da cadeira e seu chapéu do trinco da porte e saiu. Estava com um jazz do bird na cabeça e cantarolando o tema principal desse dobrou as esquinas da escada. Pensava em o que podia dar errado esta noite, bom ele sabia o que ia dar errado então resolveu antecipar o erro. Ao sair pela porta da frente do seu apartamento desgasto do subúrbio atravessou a rua e compro o seu santo graal, uma garrafa de maltês 4 anos. Quatro é o melhor dos números, pensou, é praticamente uma promoção emocional. Resolveu abandonar a greve que o impediu de beber enquanto durmia, sendo assim sentou se no meio fio e pôs-se a ler a placa dos carros que passavam e iluminavem sua bebedeira solitária e desolada. O vento era frio, pensou "deve vir da antartica,se viesse da africa provavelmente viria com calor e aids", deu algumas risadas abafadas pelo whisky. Tomou coragem para enfrentar mais uma noite e lavantou do meio fio para o bar mais próximo. Era um lugar sujo,leve e confortável. Apenas alguns velhos bebiam e falavam sobre futebol, um desses típicos bares de bairros antigos. Sentou se na mesa de plástico do lado de fora e resolveu se ocupar olhando as pessoas que passavam pela rua e acompanhavam o vento com sua frieza. "Bom hoje é domingo, não posso procurar trabalho hoje" concluiu deixando sua preguissa o possuir e sua vontade o dominar, como foi bom. Mal passou 20 minutos o dono do bar, que tinha sérios traços de inrustido quando jovem e provavelmente durante a 1° guerra mundial, tomou providências sérias para conseguir que a pouca alegria se transformasse mais uma vez em mágoas mal enxugadas. Aquele velho fez questão de expulsá-lo com sua garrafa do bar. "Para beber aqui você tem de beber daqui" , isso deveria virar até um slogan. Bem a noite foi longa a garrafa curta, quem não tem nada só o nada pode perder, o que vem a se tornar tudo. Mas no ponto em que se tornou tudo, o desemprego voltou a pesar, fome,frio e sobriedade isso deveria virar um complexo e sendo assim este texto uma dissertação. O dinheiro que ganhou em seu último pagamento na cidade passada havia se tornado uma mera lembrança de um verão na infância, aquele em que você ainda não percebeu o que são essas decepções que tanto comentam por ai e até saem pintando nos olhos e no trajeto do sorriso de alguns expressivos homens. A pedra do praça municipal já havia sido de tudo, de lençol para amante à mesa de almoço familiar,agora era a melhor amiga de um vagabundo. Ele via os cães, dentro do olhar destes animais algo de conhecido era de se avistar. O tempo castiga quem dele não toma conhecimento e não se encarraga de compensá-lo por sua bondade. O tempo pode dar a um homem o amor,pelos,orgasmos mas principalmente pode tirar de um homem o brilho dos seus olhos. Este foi o caso, as estrelas foram ofuscadas pela maldade da poluição luminosa daquela metrópole e o mundo apagou as estrelas que brilhavam nos olhos de alguem que iria ser um dia chamado de um grande homem.

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